26 não sistematizadas, derivadas das respostas como totalidade ricamente articulada e com- criativas para resolver os problemas do co- preendida, mas também como prenúncio de tidiano do trabalho e das relações sociais, novos conhecimentos que estimulam novas no esforço de compreendê-las e sistematizá buscas e formulações. (Kosik, 1976) -las, mas sempre a partir delas mesmas. Ou seja, à medida em que conhecimentos táci- No processo de construção do conheci- tos vão sendo desenvolvidos pela experiên- mento, o ponto de partida é apenas formal- cia, serão objetos de re昀氀exão em busca de mente idêntico ao ponto de chegada, uma sua sistematização, sem a mediação da te- vez que, em seu movimento em espiral cres- oria; esse processo leva a aprendizagens no cente e ampliada, o pensamento chega a um próprio processo – o aprender a aprender, a resultado que não era conhecido inicialmen- criar soluções pragmáticas que podem ser in- te, e projeta novas descobertas. O ponto de tercambiadas pela linguagem, uma vez com- partida para a aprendizagem é sincrético, preendidas pela re昀氀exão. As aprendizagens nebuloso, pouco elaborado, senso comum; colaborativas, mediadas pelas tecnologias, o ponto de chegada é uma totalidade con- serão resultantes desse processo de troca de creta, onde o pensamento recapta e com- experiências práticas sem, necessariamente, preende o conteúdo inicialmente separado re昀氀exão sustentada teoricamente. e isolado do todo; posto que sempre síntese provisória, esta totalidade parcial será novo No campo epistemológico do materialis- ponto de partida para outros conhecimen- mo histórico, ao se a昀椀rmar que o conheci- tos. Os signi昀椀cados vão sendo construídos mento resulta da ação do aluno, tem-se uma através do deslocamento incessante do pen- compreensão radicalmente diferente. A ação samento a partir das primeiras e precárias do aluno resulta de um movimento no pen- abstrações para o conhecimento elaborado samento, mas a partir da materialidade para através da articulação entre teoria e prática, apreendê-la, compreendê-la em suas múlti- entre sujeito e objeto, entre o indivíduo e a plas dimensões e inter-relações. sociedade em um dado momento histórico. (Kosik, 1976) Em síntese, o método de produção do conhecimento é um movimento que leva o A ação do aluno, portanto, diferentemen- pensamento a transitar continuamente entre te da concepção da epistemologia da práti- o abstrato e o concreto, entre a forma e o ca, refere-se ao movimento do pensamen- conteúdo, entre o imediato e o mediato, en- to da prática para a teoria, e desta para a tre o simples e o complexo, entre o que está prática, para ressigni昀椀cá-la; esta explicação dado e o que se anuncia. Esse processo tem é necessária para que 昀椀que claro que, em- como ponto de partida um primeiro nível de bora em ambos os casos se defenda a ação abstração composto pela imediata e nebulo- do aluno, as concepções, a ação docente e sa representação do todo e como ponto de as metodologias que delas decorrem, são, chegada as formulações conceituais abstra- mais do que distintas, opostas. No materia- tas; nesse movimento, o pensamento, após lismo histórico, situam-se no campo da prá- debruçar-se sobre situações concretas, volta xis; na aprendizagem 昀氀exível, no campo do ao ponto de partida, agora para percebê-lo pragmatismo decorrente do ceticismo epis- Rev. do Trib. Reg. Trab. 10ª Região, Brasília, v. 20, n. 2, 2016
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