25 fenômenos sociais. A totalidade é substituída A relação entre aluno, professor e co- pela fragmentação. nhecimento Esse discurso revela apenas a aparência A aprendizagem 昀氀exível, ao criticar a con- das relações sociais e produtivas no regime de cepção tradicional que centra a prática peda- acumulação 昀氀exível. A análise aprofundada gógica do professor, reforça o protagonismo dessa teoria remete a outra tese de Debord do aluno no ato de aprender: de espectador, sobre a sociedade do espetáculo: a questão passa a ser sujeito de sua própria aprendiza- do controle das massas, que segundo o autor, gem, o que exigirá dele iniciativa, autonomia, se exerce pelo poder concentrado que impõe, disciplina e comprometimento. Essa concep- pelas novas tecnologias de informação e co- ção extrapola a liberdade para de昀椀nir tempos municação, um padrão de valores que regu- e espaços para os modos de aprender: sozi- lam toda a sociedade pela conformação de nho ou em processos colaborativos, mas sem- uma única identidade; assim, os valores são pre mediados pela tecnologia, com foco no criados pelo poder (do capital), que apresenta método, e não no objeto do conhecimento, o como universal seus interesses particulares. O que se traduz pelo aprender a aprender. Des- controle difuso complementa o controle con- taque-se que, nos processos colaborativos, centrado, ao induzir a uma falsa liberdade de em tese, o individualismo seria superado. escolha pela superprodução de mercadorias cada vez mais tecnologicamente so昀椀sticadas, Há vários pontos a analisar acerca dessa cujo consumo também responde a padrões concepção, do ponto de vista epistemológi- de comportamento favoráveis ao processo de co, de modo a esclarecer os pontos lacuna- acumulação. (Debord, 2013) res desse discurso. Assim é que, sob o discurso da heteroge- Inicialmente, há que retomar o proces- neidade, do respeito às diferenças, esconde- so de construção do conhecimento. Como se o processo de homogeneização cultural; apontou-se nos itens anteriores, a base teó- nega-se a universalização no discurso, mas rica do aprender a aprender é a epistemolo- as formas de controle a produzem e reprodu- gia da prática, que tem como fundamento zem no plano da materialidade, uma vez que a re昀氀exão sobre a prática, o que resulta no a cultura tornou-se produto, como a昀椀rma Ja- ceticismo epistemológico; como o conheci- meson (2006), para quem o pós-modernismo mento é uma impossibilidade histórica, cons- é uma dilatação imensa da esfera da merca- truindo-se as explicações pelo confronto de doria: é o coroamento do mercado e de seu discursos mediados pela cultura, e não a par- estilo de vida. tir da relação entre pensamento e materiali- dade, estabelece-se uma diferença de fundo A partir dessa análise, é possível a昀椀rmar entre o que se entende por protagonismo do que a aprendizagem 昀氀exível é uma nova for- aluno nesta concepção, em relação ao mate- ma de mercadoria que, para ser produzida e rialismo histórico. consumida, demanda a formação de subjeti- vidades 昀氀exíveis: pragmatistas, presentistas e Em resumo, na epistemologia da prática, fragmentadas. o pensamento debruça-se sobre as práticas Rev. do Trib. Reg. Trab. 10ª Região, Brasília, v. 20, n. 2, 2016
Revista do TRT 10 V. 20 n. 2 2016 Page 24 Page 26