21 nas redes, nas comu- há discursos desinteressados, uma vez que nidades de prática, são produzidos a partir de uma dada cultura mediada pelas tecno- e manifestam relações de poder. logias, inscreve-se em outro campo episte- Nos processos amplamente pedagógicos, mológico, o das teo- a aprendizagem 昀氀exível, ao criticar o acade- rias pós-modernas. micismo, acaba por reduzir a necessidade de domínio da teoria, uma vez que concebe o Do ponto de vista conhecimento como resultante dos discur- dessas teorias, o co- sos que ocorrem nas redes, foruns ou chats. nhecimento é uma Essa mesma simpli昀椀cação ocorre, de modo impossibilidade histó- geral, nos cursos à distância, em que se pro- rica, uma vez que ao põe um único percurso: são apresentadas pensamento humano leituras selecionadas pelo conteudista, que é impossível apreen- serão interpretadas em exercícios previamen- der a realidade, por- te propostos, que geralmente não atingem os que está demarcado níveis mais complexos dos comportamentos por diversidades cul- cognitivos, atendo-se, na maioria das vezes, turais; assim, as inter- à reprodução de conhecimentos já constru- pretações são diver- ídos para o reconhecimento de fatos ou si- sas, sendo verdadeiras tuações comuns, por operações mentais tais apenas no contexto como descrição, identi昀椀cação, indicação; cultural que lhe deu ou ao estabelecimento de relações que per- origem. O que há são mitem tecer explicações para os fenômenos interpretações, narrati- observados. São pouco frequentes os exer- vas atreladas à prática cícios que demandem operações mentais cotidiana, reduzindo- mais complexas, como avaliar, criticar, criar se o conhecimento soluções para situações inéditas, solucionar à linguagem, do que casos complexos que ensejem múltiplas res- decorre que a teoria postas, criticar resultados, fazer diagnósticos se constrói mediante o e assim por diante. embate de discursos intersubjetivos, ao ní- Tem-se, como resultado, a super昀椀cializa- vel da superestrutura; ou seja, pelo confronto ção do processo educativo, reduzindo-se o de discursos, e não pelo confronto entre pen- conhecimento a narrativas sobre as ativida- samento e materialidade. des cotidianas, fenômeno denominado por Moraes (2003), de recuo da teoria; essa pre- Assim, não há verdade, não há possibilida- carização da formação atinge a formação de de conhecer, o que resulta no ceticismo docente, o que fecha o círculo da fragilização epistemológico (Moraes, 2003). Importante dos processos educativos sistematizados: destacar que não há negação da realidade e acesso restrito à teoria por trabalho intelectu- sim da possibilidade de apreendê-la, pois não al pouco complexo. Rev. do Trib. Reg. Trab. 10ª Região, Brasília, v. 20, n. 2, 2016
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