Revista insubmissa VOL. 1 | MARÇO, 2021 MULHERES PIONEIRAS Carolina Beatriz Ângelo ( CONTINUAÇÃO) A decisão referia que “Excluir a mulher só uma reportagem sobre o voto de Carolina por ser mulher é simplesmente absurdo e no dia 28 de maio, intitulada “Estão eleitas iníquo e em oposição com as próprias as Constituintes. A eleição de Lisboa”, onde ideias da democracia e justiça destaca: proclamadas pelo Partido Republicano. “Uma nota curiosa das eleições foi a de Onde a lei não distingue, não pode o votar uma senhora, a única eleitora julgador distinguir (…) e mando que a portuguesa, a médica D. Carolina Beatriz reclamante seja incluída no Ângelo, inscrita com o número 2513 na recenseamento eleitoral”. freguesia de S. Jorge de Arroios.” Posto isto, Carolina foi a primeira mulher Apesar dos ecos deste acontecimento na portuguesa a votar em eleições para a imprensa nacional e internacional, numa Assembleia Nacional Constituinte – 28 de época em que o sufrágio feminino na maio de 1911 –, o que mereceu a cobertura Europa apenas estava consagrado na da imprensa. Finlândia, o voto das mulheres, em O jornal A Capital, de 29 de abril, reproduz Portugal, não foi conquistado na I a sentença e termina a notícia, dizendo: República. “Representa este despacho das justiças da Em outubro do mesmo ano, Carolina República uma vitória para o feminismo faleceu, com 33 anos, não assistindo à nacional (…). Tanto mais quanto essa vitória aprovação do código eleitoral de 1913 que corresponde ao sentir íntimo dalguns dos era claro nesta questão: “são eleitores de membros do governo (…). Os nossos cargos legislativos os cidadãos portugueses parabéns, portanto, não só diretamente à do sexo masculino maiores de 21 anos ou interessada, como ao governo provisório, e que completem essa idade até ao termo ainda ao país (…).” das operações de recenseamento, que A Ilustração Portuguesa, em 5 de junho, faz estejam no pleno gozo dos seus direitos 58
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