60 são “utilizadas para minimizar a percepção to psíquico no trabalhador: a exigência de do sofrimento do trabalho, possibilitando que cumprimento de metas absurdas; a perma- se mantenham no plano da normalidade e nência de conexão por longos períodos (a continuem trabalhando”. (MORAES, 2013, p. partir das ferramentas tecnológicas de infor- 416-417). mação e comunicação). (SOUZA; BUENO, 2016). Se as mencionadas estratégias não forem su昀椀cientes, diante do agravamento das con- Podem se converter em sofrimento psí- dições agressoras, surge o sofrimento pato- quico do indivíduo a pressa e cobrança para gênico, no qual há o fechamento do diálogo obter mais e mais resultados do trabalho e entre organização e trabalhador. Ainda rela- o insucesso no atendimento de metas cada cionado às novas formas de gestão do traba- vez mais inatingíveis e constantemente mo- lho e sofrimentos psíquicos delas decorrentes, di昀椀cadas, porquanto o indivíduo “(...) expe- Moraes (2013) cita também o sofrimento éti- rimenta a sensação de fracasso e vivencia o co, característico de situações em que, para sofrimento de não saber fazer; inicialmente manter sua ocupação, o trabalhador sacri昀椀ca adota uma posição passiva, por vezes mar- seu bem-estar psicológico ao agir contraria- cada pela raiva e pelo desânimo. A sensa- mente aos seus próprios valores. ção de fracasso coloca em risco sua iden- tidade, sua competência, seu saber fazer”. As relações laborais mudaram e trouxeram (MORAES, 2013, p. 416). consigo os genes da instabilidade, da 昀氀uidez e da urgência. As consequências desse novo modelo de administração do trabalho alheio, com cobrança e exigência exacerbadas, são apresentadas por Lima, Barros e Aquino (2012) como custo humano da intensi昀椀cação do trabalho e engloba, além do desgaste e esgotamento físicos, o abalo intelectual e emocional. Segundo esses autores, “as con- sequências negativas podem ser percebidas pela incidência de estresse e de acidentes no trabalho, pelo aumento do absenteísmo em decorrência de LER/DORT4 (...), en昀椀m pelo adoecimento que afeta o trabalhador (...)”. (LIMA; BARROS; AQUINO, 2012, p. 120). As condições de trabalho podem gerar estresse ocupacional, síndrome de burnout, depressão e ansiedade, podendo ser cita- das, dentre as principais causas de sofrimen- 4. Lesões por esforços repetitivos/distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho. Rev. do Trib. Reg. Trab. 10ª Região, Brasília, v. 20, n. 2, 2016
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