29 Na concepção materialista histórica, dife- Jogar a criança fora com a água do ba- rentemente da concepção de epistemologia nho? da prática que inclusive fundamentou as di- retrizes curriculares em suas distintas versões, A de análise levada a efeito nos itens an- o processo de formação de professores deve teriores, em que se a昀椀rma a vinculação da abranger não apenas o desenvolvimento aprendizagem 昀氀exível ao regime de acumula- de competências técnicas para o exercício ção vigente, no qual o ceticismo pedagógico, pro昀椀ssional, mas o desenvolvimento da capa- o pragmatismo utilitarista, a fragmentação, cidade de intervenção crítica e criativa nos o presentismo, a individualização, desem- processos de formação humana, porque esta penham o papel de cimento ideológico ao é a própria natureza dos processos educati- acirramento do processo de exploração em vos. E, na perspectiva da simetria invertida, curso, pode levar à constatação da impossibi- a objetivação desta relação no percurso for- lidade de utilização das tecnologias de infor- mativo melhor capacitará o futuro professor mação e comunicação nos processos de en- para exercê-la em sua prática laboral. sino, o que seria um equívoco. Se contudo, por contradição, há positividades, elas só po- dem ser adequadamente percebidas a partir da radicalização – ida às raízes – da crítica. Uma vez a crítica realizada, necessário se faz o resgate das possibilidades pedagógicas das novas tecnologias. A primeira questão a considerar é se os processos pedagógicos de base microeletrô- nica servem a todos os potenciais alunos, em todos os níveis e modalidades de ensino, em particular à distância. Ou há uma clivagem a ser considerada? Sobre essa questão, Castels (1999) mostra, a partir de extensa pesquisa empírica, o cará- ter seletivo das novas tecnologias de informa- ção e comunicação. Inicialmente, o autor aponta a difusão da diferenciação social e cultural, levando à seg- mentação dos usuários; as mensagens não são apenas segmentadas pelo mercado, mas cada vez mais diferenciadas em função dos interesses do usuário; as comunidades virtu- ais são uma das expressões desta diferencia- ção; reforça-se, desta forma, uma crescente Rev. do Trib. Reg. Trab. 10ª Região, Brasília, v. 20, n. 2, 2016
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