Colorir o olhar As mãos e o olhar da mesma cor Cinzenta, como a roupa que trazia Um gesto que podia ser de amor sorria E ao partir agradecia De acordo com os dados conhecidos, em Portugal, mais de um quinto da população sofre de uma perturbação psiquiátrica (22,9%) e somos o segundo país com a mais elevada prevalência de doenças psiquiátricas da Europa, apenas ultrapassados pela Irlanda do Norte (23,1%). Os dados – alarmantes, na leitura consequente que deles se deve fazer – não se 昀椀cam por aqui, mas estas minha palavras não têm tanto o propósito de aqui os discutir, mas, tão só, o de sublinhar o ponto a que chegámos, sinalizando a sua relevância pública. Se o ambiente social parece ser determinante para o aparecimento e desenvolvimento de certas doenças mentais, a prescrição cultural – não só na fruição como na prática – tem sido apontada como parte da solução: não apenas curativa, mas preventiva, arrisco a dizer. Quem, desde 2017, tem feito um trabalho admirável e focado nestas temáticas da saúde mental, usando a Cultura como plataforma, tem sido o Mental – Festival de Saúde Mental. E é, para nós, na Câmara Municipal de Lisboa, um privilégio associarmo-nos a esta iniciativa, que quero, este ano, novamente, reforçar. Mas permitam-me terminar com a ousadia de um apontamento pessoal. Sempre considerei muito impressionante aquela música da Ala dos Namorados, “Os Loucos de Lisboa”. Sem entrar em considerações sobre estereótipos, a passagem que destaco na abertura deste pequeno texto expressa através da música e da poesia, manifestações intemporais de Cultura, o amor, o sorriso e o agradecimento. E vinca uma outra coisa, menos graciosa: o cinzento do olhar. Cultura, amor ao próximo, sorriso e sentimento de gratidão, para que possamos colorir os olhares: eis o desígnio que aqui é procurado. Obrigado à Safe Space Portugal por continuar a fazê-lo. Diogo Moura Vereador da Cultura da CML Lisboa 09

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