para ter certeza de que ele não está mais me observando, vou até os fundos da casa e passo pelo velho trailer em que meu pai morava. Subo na caixa de madeira encostada na casa, abro a janela do meu quarto e entro. Fluffle-Up-A-Gus, minha gata, pula da cama e imediatamente corre para se esfregar em meus tornozelos, cauda erguida como uma bandeira. Eu a pego e afundo meu rosto em seu pelo macio e cinza. — Eu senti sua falta hoje, Gus. — Ela irrompe em ronronos e amassa meu ombro. — Você sentiu minha falta? Vamos te alimentar. Eu gentilmente a desço e abasteço seu prato com comida, em seguida, despejo água de uma garrafa de plástico em sua tigela. Bocejando, eu tiro as roupas e as jogo no cesto, depois me agacho cuida- dosamente em um grande balde atrás da porta do armário. Eu me limpo com um pequeno quadrado de papel higiênico e coloco em um saco de lixo plás- tico; em seguida, retiro a urina amontoada da areia do gato no fundo do balde, peneirando-a no saco de lixo. Repito o processo com a caixa de areia do gato do outro lado do armário e, em seguida, amarro o saco para jogar fora amanhã. Eu começo meu ritual diário de limpar meu rosto e corpo com lenços umedecidos para bebês, depois borrifo xampu seco no cabelo. Finalmente, pego uma camiseta oversized e um short de algodão. Gus serpenteia em torno dos meus pés, buscando atenção, o que eu amo. Sorrindo para ela, eu me ajoelho na frente da minha pequena geladeira, para tirar uma garrafa de água, duas fatias de pão e um pote de manteiga. A preocupação com o meu carro me atormenta enquanto espalho manteiga no pão com uma faca de plástico. Eu mastigo distraidamente, tentando calcular quantas horas extras terei de trabalhar na boutique para pagar o conserto. Eu só tenho algumas horas disponíveis para trabalhar, por isso poderia levar semanas para pagar. Parece que eu nunca consigo fazer uma pausa. Antes que eu possa me acomodar na cama para assistir TV, destranco as três travas na porta do meu quarto e olho para o corredor escuro. Um fedor azedo e mofado imediatamente enche minhas narinas. Meu estômago se agita com náuseas. Eu posso ouvir a televisão e ver os fracos flashes de luz que vêm da sala de estar no final do corredor. — Boa noite, mãe — eu grito, minha voz vacilante. Eu não posso vê-la, mas tenho certeza de que ela ainda está lá – no velho sofá verde. Já se passaram meses desde que tentei me aventurar fora do meu quarto, mas sei que ela está cercada por pilhas e mais pilhas de coisas, possi- velmente tudo chegando ao teto agora. Para chegar a qualquer outro cômodo, 14 CARIAN COLE [miolo] Não beije a noiva.indd 14[miolo] Não beije a noiva.indd 14 18/06/2024 12:08:0418/06/2024 12:08:04

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