32 Outra dimensão a considerar, apontada das injustiça fazem parte da sociedade do es- desde os anos 90, é o risco da banalização petáculo. (Debors, 2013) do esforço, da passividade cognitiva, da per- da de interesse pela leitura, características Nesse contexto, a motivação, o esforço e a cada vez mais presentes entre os estudantes disciplina necessários ao trabalho intelectual de todos os níveis e modalidades educativas. são rapidamente descartados. Aprender depressa e sem esforço, é o desejo permanente manifesto. Para atendê-lo, de- Finalmente, Castels aponta o que denomi- senvolve-se uma pedagogia mercantilizada na de característica mais importante da multi- que oferece opções de curta duração, baixo mídia: a captação da maioria das expressões custo e reduzida qualidade, presenciais e à culturais, em toda a sua diversidade, distância, e que o pouco esforço intelectual é recompensado com um certi昀椀cado tão va- equivalendo ao 昀椀m da separação entre zio de signi昀椀cado quanto incapaz de facilitar mídia audiovisual e mídia impressa, cultu- a inclusão. ra popular e cultura erudita, entretenimen- to e informação, educação e persuasão; Ainda há que considerar que a relação todas as expressões culturais, da melhor à com o conhecimento mediada pelas novas pior, da mais elitista à mais popular, vêm tecnologias se dá de outras formas, em par- juntas neste universo digital que liga, em ticular em face da fragmentação caleidoscó- um supertexto histórico gigantesco, as pica propiciada pelos avanços tecnológicos, manifestações passadas, presentes e futu- amplamente disponibilizados em equipa- ras da mente comunicativa; com isto, elas mentos de todos os tipos e preços; ao nave- constroem um novo ambiente simbólico; gar no hipertexto, perde-se o foco e esque- fazem da virtualidade a nossa realidade ( ce-se do objetivo inicial com facilidade; desta CASTELS, 1999, p. 394). forma, as informações, muitas de qualidade discutível tanto do ponto de vista cientí昀椀co quanto ético, se sucedem rapidamente; perde- se a capacidade de re昀氀exão e de crítica, em nome do espetá- culo. O que a mídia reproduz é a verdade; os ídolos midiáticos de昀椀nem formas de linguagem, posturas e padrões de consu- mo; a ética é substituída pela estética e o que atrai e motiva é a conjugação de movimentos, cores, formas e sons, integrados pelas mídias de forma cada vez mais espetacular. A estetização da violência e a banalização Rev. do Trib. Reg. Trab. 10ª Região, Brasília, v. 20, n. 2, 2016
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